sexta-feira, 2 de maio de 2014

PURASNOITES


Nunca me lembre o fim às noites
Pois quanto me fascina as começar
No fim do tarde que o tarde é longo
No fim do ar que ousamos respirar
Quando as começo sou serperplexo
Excitado, agitado, bicho enreflexo
Leva-me a alma ao-monte-ao-mar
Levo o monte à alma por-para-a tragar
E digam-me tudo que é verdade
encharquei-me nessa floridade
q'instinto teima em ser maldade
q'instinto não pode ser maldade
Digam o que disseram
Eu durmo a noite em vão
Mintam como mentirem
Hão-de ostentar à proa a sereia embaladora
E o brilho de encadear mil sóis
E hão-de deixar coberta a noite
Digam como disserem
(...)
São purasnoites
Com tudo e tudo é noite
E os olhos são noite afoite
E caminho de boca-em-boca
toca-em-toca e rouca-em-rouca
Até cilindrar-me o Sol
Intocar-ma noite
E me lembrar do puronada


II / V / MMXIV
Luís Alves Carpinteiro