domingo, 9 de janeiro de 2022

POEMA X


Escrevo neste papel timbrado de lágrimas

Sobre o cadáver fresco do nosso amor

Mergulho numa lagoa de águas acérrimas

Onde flutuam as pétalas da defunta flor


Qual foi a herança por ti deixada?

Quando a tua sombra me assombra pela madrugada

A nossa morte foi velada pela noite cerrada

Foi quebrada uma promessa pelos astros selada


A lágrima cai no papel em tinta metamorfoseada

Onde escrevo com as mãos que deixaste vazias

O coração fraqueja, o peito arqueja, o ar é quase nada

Uma sepultura para dois, era isto o que querias?


No vácuo inerte dos meus braços

Jaz agora o meu mundo em pedaços

Mais uma vez tropeço nos meus passos

Por calçadas tristes e amores escassos



Poema a duas mãos com Jinx