sábado, 29 de novembro de 2014

NEVES ETERNAS


Nunca fecho os olhos tempo suficiente
Para voar…

Agrilhoado por sob a terra
Rastejo por debaixo do mundo
Imploro aos anjos que distendam
A tal escada celestial…

Contenho em mim grãozinho na asa
Cachos de uva de Dioníso
Descarnam-mo apetite lascivo da carne
Junto-me as bruxas, ó floresta virgem 

Quero a rota vertical!
Quero ascender pela mente enevoada!
Quero alimentar-me do pó dos mortos!
E viver nas neves eternas


XXIX - XI - MMXIV

CIRCUNVALAÇÃO



Qual a probabilidade de encontrar alguém no mundo?
Quanto tempo faltará até que me reste vaguear as ruas sozinho?

Essas ruas?
São de quem?

Dos Homens que nelas se perderam?
Encontraram seu fundo imundo
E da estrada fizeram caminho?

Embato duro em contra as pedras da calçada
Badalam os sinos da torre badalada
Embalam os ritmos pela noite endiabrada
Perpetuam-se risos de gente circunvalada

E…
No entanto
A chuva não correu
O vento nunca assolou
Minha pequena redoma de abóbada celeste


XXIX - XI - MMXIV


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Retrato de um Relâmpago



Quero beber o quanto chove!
Quero chorar o quanto morre!
(…)

Chuva oblíqua cai às margens
Ventos sopram mil aragens
E o céu que ruge e não se embala

Vou disparar a lei da bala!
Vou ser centro de tensão!
Vou jogar-me ao mundo, ao chão!

Ei-de inundar os passeios desocupados
Ei-de dormir, deserto frio e sem aragem
Ei-de dançar os mudos ritmos sincopados
E ver o mundo pelos olhos da paisagem


XIX - XI - MMXIV