quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
EU e TU
Meus dedos gordurentos teu cabelo imaculado
Ao percorrê-los em sambá-los olhos meus purgo
De meus vidros sua areia idiossincrasias vagas
Minhas memórias remoídas uma pedra mil calçadas
Como as percorri(?) a gatinhar(?)
Como as percorri(?) sem as gastar(?)
O teu mar sem sarar qualquer coisa de luar
Vem-me amar sem parar vem meu joío afogar
E o meu trigo que furtivo caça moiro rumo ao perigo
Quero sussurar que te quero quero lamber o teu ouvido
Quero morder teu coração quero que mordas meu que é teu
És o deserto que avança e o oásis da cidade
És a sombra que me persegue e o luto que já morreu
Meu orgulho tão rasgado nos amores sem idade
Nas águas do teu olhar vi morrer meu ser ateu
E contudo tão no fundo soube a acre ser saudade
Afinal és desigual mar de ti marginal
Afinal há distância o mesmo perigo a mesma ânsia
Cal da pele não é mel é sangue de si mais espesso Ó fel
O Amor azul e o amor vermelho
O amor entre uma barata e um escaravelho
quem me dera ter dedos para te tecer
quem me dera ter dedos para te entreter
quem me dera ter braços para te abraçar
quem me dera ter braços para te amaciar
Teus cabelos são os laços que me unem
Seus fios inenterruptos o destino do Homem
Se o Sol me tisnar que nasçam ourados
Se a pele me findar que se inicie o maior dos ciclos
Não há olhos nem cara há um terçolho apoteótico
Não há cara nem leque há um cobertor de verdade
Não há verdade nem mentira há só Eu e Tu
XX / II / MMXIV
Luís Alves Carpinteiro
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