quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

NEGRA HORA

Chegou a negra hora
As setes trompetas celestiais relincham a norte
Será a vida será a morte?
O vento fustigante fumega do nariz de um minotauro
Uma brisa leve tão leve quanto u tempos sobre u tempos
Vem reanimar meus níveos ossos tecidos da saudade
Vem-me cortar vem-me escalar
Cuspir minha alma ao precipício para  a cidade a tragar
Vem gangrenar os dedos que te acariciam
Vem chupar as costelas que te sustentam
Serei tudo se me quiserem
Serei a praça embebida em vinho
Serei o melhor que Deus dou
Serei o cigarro com o cimbalino
Serei Calipo serei Epá
Serei o choro de menino
Serei as noites em que o tempo parou
Sou Eu a luz nesta cidade sem-abrigo
Sou Eu o mar que engole Lisboa


XVI / II / MMXIV
Luís Alves Carpinteiro








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