domingo, 17 de março de 2013

NOTA$$$


Aquela que se auto intitula "nota"
É sem sombra para dúvida a mais pérfida
É cruel para quem a nota
É letal para quem a julga vida
Aos estrondos da sua cria
Que julga trilho qualquer via
Virá depois da ira apátrida
Traçada pela beira recolhida
Se der a febre regícida
Que seja banhada em estricnina
Se ao valor chamar dinheiro
E à moeda chamar coroa
Que o valor lhe chegue à toa
Quando o auferir o sapateiro
E se um dia o souberem contar
Que por meio do peso lhes seja valioso
Pois até um bípede tinhoso
Sabe seu osso receber e dar
Da carne, às lesmas, às verjeiras pútridas
Que ao Deus da caça sabem aprazer
De rituais antigos às caçadas espermícidas
Gira o mundo que agora podes ver
Se a nota é papel das árvores cadente
Então a moeda é o chumbo da lage das lágrimas
Meteoro apoteótico a dEUs temente
Do caixão do seu irmão se viram as páginas
Deveras alquimia recente a quente
Deixa marcas profundas no seu crivado peito
Sacrifica o respeito pelo despeito
O lagarto furtado omnipresente
Na sua jornada vai do gargalo inconsequente
Do charro à garrafa tudo entra sem licença
Metamorfizando a ira e a independência
Volta em força o de Olivença
Do oiro aos oiros da lata
À prata que engana o ourives
Se não fugires pelo menos que te esquives
Faz do castelo lar de ferro  na cubata
Se ao escravo o oiro não coçava
E da labuta não se cansava
O que será o oiro para o rico
Um guardanapo ou um penico?
Se da guerra os Homens vivem
Então da morte eles colhem vida
Se na trincheira eu fui ermida
Ressurreição em vida fingida
As minhas mãos e os meus pés preguem
Como Jesus pregou os seus
Do sangue e dos pregos insurgem os meus
Que me cortem, que me dilacerem

Luís Alves Carpinteiro
XVII / III / MMXIII











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