sexta-feira, 22 de março de 2013

VELHA CIDADE (Old City)


Se o poeta é um fingidor
Então o poetastra é um mentiroso
Canta como mente
Vive como finge
Chega mesmo a fingir a dor
Dor essa que o encharca até ao osso
Como essa dúvida que o atormenta
Extinguirá ele da cândida luz sua patriarca vida
Ou morrerá ele primeiro da hedionda mentira?
Dessa dúvida, dessa desonra, nasce o verso que logo se lhe tomba
É verdadeiro em não ser verdadeiro, não é brejeiro em ser brejeiro
Quanto mais miserável e indigesto cair, supra triunfante há-de ascender
Do sangue, às tripas, do sexo até à verdade, nunca foi sua a vil maldade
Vil maldade que de tão abjecta o zomba
Lhe leva o maculado sangue e o esquálido dinheiro
Mescla a espessa massa que lhe aufere todo o poder
Poder sobre a maquia, dos rugosos chulos às putas da idade
E ele o seu mais "honrado" cliente
O da picha alçada e da carteira dormente
Chamá-lo-ão em decrépita saudade
"Quando voltas à velha cidade?"

Luís Alves Carpinteiro
XXI / III / MMXIII


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