domingo, 23 de março de 2014

SOL & CARNAVAL


Hoje o Sol, ontem o Carnaval
E bailamos como só a escuridão nos permite
ver
Pelos olhos fechados porém furados de um lado ao outro
de um outro lado, de lado algum
E o calor vermelho de nos suar as pálpebras
de sangue
Sangue:
esse cativo que nos cativa
E as lágrimas lacrimejam só elas
por elas próprias, com elas próprias
Lágrima a sequela, lágrima correndêla,
Lacrimeja a alegria que expulsamos porta a porta
borda a borda, lés a lés, dedo a dedo os tremendos pés
como uma pena como uma morte caída por qualquer cousa
ou qualquer lugar a ruminar o amar em desmamar
A lágrima como elemento estrutural de qualquer vida
Lágrima pausa
(...)
Lágrima avança
Mandada ou mandante
Mandatária ou cigana
Ciganamente obscura cataliticamente cigana porém
E o dia vai viajando de mão dada com a hora do precipício
quem somos porém quem é que somos para quem o somos
ou por quem somos nos confins do sonho ou realidade divina
realidade sonhada ou sonho realizado por outralguém
ou está-se bem ou por aquém
E nossos corpos cristalevados salgados à inexistência
salgados da inevitabilidade, atirados ao inevitável
para sentir ou se sentir
sentir como se sentíssemos
esse gigante Adamastor
esse gigantismo puramor
Que a felicidade é afinal não o sentir
É não saber sequer que se existe

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