Pança de criança
Barriga de fome
Barqueiro contrabalança
Do que o fígado come
Quero espremer quero abraçar
Quero-te pegar
Quero-te
Largar no inferno
Vem sorver vem sentir
A face enegrecida à treva à noite
Os estigmas esburacando as palmas
Um rodopio frenético de almas
O sangue brotem e sangue serem
Chupar o sangue até os dentes apodrecerem
As garras frias ríspidas malformadas
E os Homens a viver o violento delírio
esquizoides malamados de cinza de pedra
O incisivo dano e o mais profundo corte
Soa tremelicante a latência de morte
E o mamífero sangra até ao útero
Olha só como eles se contorcem
Olha só como tu te contorces
Num ferrugento retinir de carne sobre osso
E escutas agora
Porque antes não podias matar
o bel’cantar aos pássaros
Alegremente engaiolados em uns contra os outros
Em uns sobre os outros em uns dentro dos outros
Sorve o negro sangue ao negro rebanho
Sente a força e a omnipotência
O poder e o equilíbrio
Vive e deixa morrer
Deixa tudo morrer à orla do olhar
XVIII / III / MMXIV
Luís Alves Carpinteiro
Luís Alves Carpinteiro
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