domingo, 30 de março de 2014
ELA TRAZ A PRIMAVERA (Poema do Amor Raro)
Olhei-lhe bem para dentro dos olhos
E vi os campos
Vi a maravilha
A tempestade
A cidade e as serras
Vi os meus olhos reflectidos nos dela
E a minha alma reflectida no mar que é dela
É tudo dela eu sou todo dela
Senti uma urgência de a agarrar
Para a levar e mostrar-lhe
tudo
quis desabotoar-lhe a blusa
dedilhar-lhe a pele arrepiada
usar tudo o que nela é mortal
cheira tudo tão bem
ah o cheiro tira-me verdadeiramente do sério
como pêssegos que colho e recolho
das florestas mágicas do seu decote
às vezes parece que não consigo aguentar
seu delicioso contorno
encosta-te a mim
usa o meu ombro
deixa-me beijar os teus,
pomares de algodão suave,
que ombreiam olhos meus
quando me sobes à cabeça
bates dura contra os muros da minha existência
deixas-me sedento de ternura
desvairado de desejo
não preciso mais da vida
não preciso mais do sangue
vou sepultar-nos os dois numa cama
e morrer dentro de ti
(...)
sei que és
podes dizer
eu sou
diz-me
eu sou
deixo-te desabrochar mais um pouco
quero ver como és linda
quando trazes a Primavera
para V
XXX / III / MMXIV
Luís Alves Carpinteiro
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